Aproveitando o ensejo do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, convidamos duas grandes mulheres, Celma Prata e Grecianny Cordeiro, que são membros da Academia Cearense de Letras, para escreverem textos especiais para esta edição de nossa revista. Confere o texto de Grecianny Cordeiro.
SIGNIFICADO ESPECIAL
Por Grecianny Cordeiro*
“Sabe que lugares ocupavam as mulheres nas Olímpiadas gregas? A primeira mulher, digo-lhe, ficou em 800.º lugar.”
“Sabe quantas mulheres há entre os primeiros cem jogadores de xadrez? Eu digo-lhe: nenhuma.”
"É claro que as mulheres devem ganhar menos que os homens, porque são mais fracas, menores e menos inteligentes”.
Essas foram as palavras do deputado polonês Janusz Korwin-Mikkle ao discursar no Parlamento Europeu, em Bruxelas, no dia 01.03.2017. O parlamentar foi suspenso por alguns dias e perdeu uma ajuda de custo.
Estamos no ano de 2023 e ainda são muitos os que pensam de forma semelhante ao externado pelo referido deputado. Alguns silenciam seus pensamentos, por receio de represálias nas redes sociais, bem como de vir a sofrer o que se denominou de “cancelamento”. Outros, falam à boca miúda, entre seus próprios pares, quando à vontade em um nicho que sabem que não enfrentarão oposição.
É por essas e outras que o Dia Internacional da Mulher tem um significado especial, porque carrega todo um simbolismo de luta por direitos aos longo de milênios, de busca por reconhecimento e respeito, independentemente da mulher vista enquanto gênero, mas da mulher vista enquanto ser humano.
O Dia Internacional da Mulher é fundamental para conscientizar e despertar nas pessoas a importância da valorização feminina nos mais variados espaços da sociedade, de modo a reduzir uma desigualdade de oportunidades e de condições que remontam aos nossos antepassados e, ainda hoje, embora em escalar menor, vêm sendo reproduzidas para as gerações futuras.
Em pleno século XXI, poucas mulheres exercem cargos de liderança e 30% delas recebem menos que os homens no mesmo cargo. Nas eleições de 2022, a proporção da participação feminina na política brasileira registra que apenas 17,7% de mulheres foram eleitas para a Câmara. O Brasil é o sétimo país do mundo com o maior registro de violência contra a mulher. Estudos nacionais mostram que até 70% das mulheres já foram vítimas de violência física e/ou sexual por parte de um parceiro íntimo. Mais de 500 mulheres, a cada hora, são vítimas de agressão física no Brasil.
Mas os avanços alcançados pelas mulheres devem ser enaltecidos, a exemplo da preocupação demonstrada pela ONU em empoderar as mulheres, promovendo ações em diversos eixos, visando o exercício da liderança com igualdade de gênero, a igualdade no trabalho, educação, capacitação, desenvolvimento profissional, empreendedorismo e ativismo político.
Olhar para o presente e para o futuro é importante, contudo, não esqueçamos de voltar nossa atenção para aquelas mulheres que romperam barreiras, que enfrentaram adversidades, que lançaram-se a desafios impensáveis para sua época, abrindo as veredas de esperança para as gerações vindouras, inspirando-nos com seus feitos, enchendo-nos de orgulho, a exemplo de Bárbara de Alencar, Maria Quitéria, Maria Tomásia, Raquel de Queiroz, Cora Coralina, dentre tantas e tantas outras.
Nosso futuro recomeça agora, “venha, que o que vem é perfeição”.
*GRECIANNY CARVALHO CORDEIRO
É promotora de justiça e escritora.
Ocupa a Cadeira nº 8 da Academia Cearense de Letras
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